Tudo o que você precisa saber sobre TDAH no trabalho

TDAH no trabalho? Este guia com dicas de uma especialista no assunto traz soluções práticas para colaboradores e gestores melhorarem a rotina. Confira!

Mulher com olheiras, usando óculos, mostrando sinais de estresse enquanto trabalha em um computador. A imagem reflete a dificuldade de concentração e o impacto da fadiga mental.

Pessoas diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) podem enfrentar dificuldades para manter o foco, gerenciar prazos ou lidar com atividades repetitivas, mas ferramentas de organização, como agendas compartilhadas ou aplicativos de gerenciamento de tarefas, podem facilitar o dia a dia de colaboradores e líderes que convivem com a condição.

Esses e outros recursos e estratégias elencados neste artigo por especialistas ajudam a otimizar o ambiente de trabalho com pequenas adaptações para aproveitar os talentos únicos que essas pessoas trazem para a equipe.

Afinal, com mais conteúdos surgindo a cada dia sobre o transtorno na internet, não é raro encontrar pessoas buscando diagnósticos tardios já na fase profissional, por isso, se você recebeu um laudo em mãos ultimamente e quer melhorar sua performance ou se é gestor de uma equipe com profissionais diagnosticados, esta leitura vai ajudar muito!

Antes de mais nada: o que é o TDAH?

O TDAH é uma condição neurobiológica – ou seja, com a qual a pessoa nasce, não sendo possível “adquiri-la” na fase adulta – que está diretamente ligada a um desequilíbrio na dopamina, um neurotransmissor essencial para a motivação, o foco e o controle dos impulsos. 

Imagine que uma pessoa neurotípica – sem o transtorno – produz a dopamina naturalmente e sem qualquer tipo de problema. No cérebro de pessoas com TDAH, o processo não é o mesmo: os níveis de dopamina tendem a ser mais baixos, o que dificulta a sensação de recompensa ao concluir tarefas e manter a atenção em atividades menos estimulantes.

Por isso, é comum que essas pessoas busquem estímulos constantes, tenham dificuldade em finalizar projetos ou procrastinem sem o auxílio de medicamentos ou de estratégias direcionadas para contornar esses obstáculos.

O tópico abaixo exemplifica melhor os desafios no ambiente corporativo.

O que significa ter TDAH no ambiente de trabalho?

Ter um diagnóstico de TDAH e vivenciá-lo no ambiente de trabalho significa lidar com um transtorno neurodesenvolvimental que afeta diretamente a forma como uma pessoa organiza suas tarefas, processa informações e responde a estímulos. 

Imagine um colaborador, por exemplo, que precisa gerenciar várias demandas ao mesmo tempo: para alguém com o transtorno, essa situação pode gerar um excesso de estímulos que dificulta a escolha de por onde começar. 

Outro exemplo comum é o esquecimento frequente de detalhes importantes em tarefas cotidianas, como responder a um e-mail ou concluir uma etapa de um projeto. 

Mesmo assim, é importante lembrar que, embora esses desafios sejam reais, pessoas com TDAH também são super criativas, e podem contribuir com a inovação de processos nas empresas, apresentar rapidez de raciocínio e capacidade de encontrar soluções “fora da caixa”, o que pode ser um diferencial enorme no mercado de hoje em dia!

Quais são os desafios do TDAH no emprego?

Os desafios enfrentados por profissionais diagnosticados com TDAH no desempenho profissional estão diretamente relacionados às características do transtorno, como dificuldades de concentração, organização e controle do tempo. 

  • Dificuldade de concentração: é mais difícil manter o foco, especialmente em tarefas longas ou monótonas. 
  • Sobrecarga com múltiplas tarefas: priorizar o que é mais urgente costuma demandar mais esforço para um profissional com TDAH, gerando sensação de desorganização.
  • Facilidade de se distrair: interrupções como notificações e conversas paralelas são alguns dos fatores mais comuns que desviam a atenção e afetam a produtividade.
  • Problemas com prazos e rotinas: profissionais com deficiência natural de dopamina tendem a procrastinar mais e finalizar algumas tarefas “em cima do laço”, movidos pela pressão.

Mas calma! Todos esses pequenos desafios têm solução! 

Produtividade e TDAH: 5 dicas para uma boa performance

É, sim, possível que as pessoas com TDAH alcancem uma boa performance no trabalho, especialmente quando adotam estratégias que aproveitam suas habilidades e diminuem os impactos das dificuldades do transtorno. 

  1. Profissionais com TDAH podem melhorar sua produtividade ao aproveitar ambientes dinâmicos, onde criatividade, pensamento rápido e resolução de problemas são valorizados.
  2. Dividir tarefas em pequenas etapas e estabelecer prazos intermediários ajuda a manter o foco e evitar a procrastinação.
  3. Criar um sistema de organização com listas de prioridades, alarmes e blocos de tempo facilita a estruturação da rotina e o controle das responsabilidades.
  4. Reduzir distrações, como utilizar fones com cancelamento de ruído e reservar períodos de concentração sem interrupções, também contribui para um melhor desempenho.
  5. Respeitar o próprio ritmo e adaptar a rotina conforme os momentos de maior rendimento pode fazer toda a diferença na produtividade.

Essas dicas, aliadas às estratégias abaixo, transformarão a rotina de trabalho da água para o vinho!

Quais são as principais estratégias para TDAH no trabalho?

Organização, concentração, gestão do tempo e comunicação são o foco de algumas estratégias que podem ajudar profissionais com TDAH a lidar melhor com os desafios do ambiente de trabalho.

Conheça as principais práticas e descubra como aplicá-las no dia a dia!

Principais dicas para lidar com o TDAH no trabalho
Estratégia Objetivo Como colocar em prática
Dividir tarefas em etapas menores Reduzir a sobrecarga e facilitar o foco Quebre projetos grandes em pequenas tarefas e defina prazos menores – mas realistas – para cada etapa.

Trabalhar em blocos de tempo de 25-30 minutos e tirar 5 ou 10 minutos entre cada um, a famosa técnica de produtividade Pomodoro, também pode ajudar.  
Criar uma rotina estruturada Melhorar a gestão do tempo e a priorização de tarefas Estabeleça horários fixos para atividades diárias e faça o controle deles por meio de ferramentas como listas de tarefas ou calendários digitais.
Utilizar técnicas de concentração Diminuir distrações e manter o foco Experimente usar fones de ouvido com cancelamento de ruído ou organizar o espaço de trabalho antes de começar as atividades.

Criar e manter uma lista de tarefas em papel ou bloco de notas com todas as atividades necessárias do dia para ir dando “check” é outro fator que ajuda a manter o senso de recompensa em alta e serve como motivação para finalizar as prioridades.  
Solicitar feedbacks frequentes Identificar melhorias e aumentar a confiança Peça devolutivas sobre o seu desempenho em projetos, preferencialmente com check-ins regulares para ajustes.

Lembre-se de anotar esses pontos e usá-los como um checklist na hora de entregar demandas.  
Definir metas claras e objetivas Evitar confusão e desmotivação Certifique-se de que as metas de produtividade sejam específicas, mensuráveis e com prazos definidos, alinhando-as com a equipe ou gestor sempre que necessário.

Em vez de listar grandes objetivos, a exemplo de “terminar o relatório”, divida-o em etapas menores, como “pesquisar dados”, “escrever introdução” e “revisar conteúdo”.

Para gestores: como investir na inclusão de colaboradores com TDAH?

Investir na inclusão de trabalhadores com TDAH começa com a criação de um ambiente de trabalho que promova a diversidade. Para isso, adote práticas como a flexibilização de horários, e o oferecimento de pausas estratégicas e de ferramentas personalizadas de organização.

Esse tipo de investimento, apesar de beneficiar as equipes como um todo, são medidas que ajudam a acomodar as necessidades específicas desses profissionais. 

Além disso, proporcionar treinamentos para gestores e equipes sobre o transtorno pode promover um entendimento mais detalhado do transtorno, criando uma cultura de acolhimento e respeito que dá a devida importância à saúde mental no trabalho.

Também é possível fazer isso investindo em:

  • Apoio emocional, através da disponibilização de psicólogos na empresa ou da oferta de um plano de saúde empresarial
  • Momentos de integração para redução do estresse, a exemplo de happy hours e afins
  • Incentivo à prática de atividades físicas
  • Entre outras ações semelhantes

Aqui vão outras cinco boas dicas para a gestão de equipes com TDAH, anote!

1. Incentive a criação de listas de tarefas personalizadas

Para muitos colaboradores com TDAH, a visualização clara das tarefas a serem realizadas é essencial para organizar as prioridades, por isso, incentive a criação de listas personalizadas, com a possibilidade de marcar como concluídas as atividades realizadas. 

No geral, essa é uma atividade que traz uma sensação de progresso e facilita a organização, especialmente quando as demandas são visualizadas de maneira sequencial e clara.

2. Use recursos de comunicação visual

Investir em ferramentas de comunicação visual, a exemplo de quadros brancos, painéis de tarefas ou mapas mentais, pode ser extremamente útil para colaboradores com TDAH, pois permite que eles vejam rapidamente o que precisa ser feito. 

Aplicativos de gerenciamento de tarefas, como Basecamp, Trello ou Todoist, podem ser muito úteis para organizar atividades e definir lembretes para o time todo, o que pode ajudar colaboradores neurodivergentes a não perder prazos e ter uma visão objetiva do que precisa ser feito.

Além disso, essas ferramentas proporcionam uma maneira visual de acompanhar o progresso e de ajustar rapidamente o foco.

3. Estabeleça momentos para revisar as prioridades

Profissionais com o transtorno podem ter dificuldades em priorizar tarefas, especialmente em momentos de alta demanda. Portanto, crie momentos regulares de revisão de prioridades, onde todos os membros da equipe possam discutir as tarefas mais urgentes e alinhá-las. 

Esse é um processo que, comumente, ajuda a diminuir a sensação de sobrecarga e garante que todos saibam o que é mais urgente.

4. Crie um ambiente de trabalho adaptativo

No geral, colaboradores diagnosticados com TDAH costumam ser mais produtivos em ambientes controlados, onde as distrações são minimizadas, como escritórios silenciosos ou salas isoladas. Entretanto, algumas pessoas também se concentram melhor com barulho externo, já que o som pode ajudar a acalmar os pensamentos frequentes da hiperatividade mental.

Já que esse fator depende de cada indivíduo, ofereça flexibilidade: permita que seus colaboradores escolham entre trabalhar em ambientes mais silenciosos, como salas de reunião ou individuais, ou mesmo de casa, coworkings ou outros ambientes nos quais eles se sintam mais confortáveis. 

Se a realidade dessa jornada flexível ainda é algo mais distante por aí, alternativamente, você pode disponibilizar fones de ouvido com cancelamento de ruído para ajudar a manter a concentração durante tarefas que exigem mais foco para aqueles que se incomodam com barulho.

5. Desenvolva uma cultura de transparência e acolhimento

A criação de um ambiente onde as dificuldades podem ser abertas e discutidas é outro ponto essencial para abraçar colaboradores neurodivergentes, por isso, estabeleça uma cultura de transparência, onde eles se sintam à vontade para compartilhar suas necessidades e desafios sem medo de julgamento. 

Essa ação pode incluir adaptações em prazos, métodos de trabalho ou até mesmo no tipo de tarefa atribuída a pessoas do grupo. Quando há uma comunicação aberta, a equipe pode se ajustar de maneira mais eficaz às necessidades de todos.

Antes de ir, a equipe de experts em soluções para RH da Coalize preparou uma entrevista com uma especialista no assunto. A neuropsicóloga Helena Dal Toé, mestre em Ciências da Saúde, professora universitária e especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais, respondeu às principais perguntas sobre o tema. Acompanhe!

Principais perguntas sobre TDAH no trabalho respondidas por especialista

Quais são os principais desafios para pessoas com TDAH no ambiente de trabalho?

Helena: O problema do TDAH é não conseguir escolher no que focar e não conseguir sustentar a atenção no que deveria sustentar, especialmente quando não é uma tarefa de absoluto interesse dele. Para essas pessoas, ter que lidar com a bagunça do ambiente é muito injusto. Quer dizer, todo TDAH vai passar por esse dia, que gostaria de calma para realizar tarefas que precisa de silêncio para fazer.

Como as empresas podem ser mais flexíveis para apoiar profissionais com TDAH?

Helena: O melhor dos dois mundos seria que as empresas tivessem a flexibilidade de, por exemplo, permitir que um funcionário com TDAH pudesse, diante de um diagnóstico, ter essa compreensão. Se ele estiver passando por um momento de mudança, por exemplo, pode acontecer de suas funções executivas estarem em frangalhos. Parece um episódio depressivo, mas não é, chamamos isso de inércia. 

Chega uma hora que ele se sobrecarrega tanto que não vai mais. Então, seria perfeito se a empresa permitisse que esse funcionário dissesse: “Olha só, eu tô muito ansioso(a), tô com muita coisa fora da rotina, muito bagunçado(a). Posso trabalhar de casa hoje porque daí fico num ambiente mais quieto, num ambiente mais controlado e foco melhor no que tô fazendo?”.

Então o ambiente de trabalho ideal para alguém com TDAH precisa ser sempre silencioso?

Helena: Depende, porque existe a hiperatividade mental. Se a pessoa não tem hiperatividade física, se ela não fica se movimentando muito, mas tem um nível de energia alto, quando lida com hiperatividade mental, o cérebro sozinho acha coisas para se preocupar. Então, entra o conceito do estímulo competitivo, que é isso que muitas pessoas com TDAH querem: o estímulo competitivo do caos, do barulho no ambiente de trabalho, para focar no que precisam fazer.

O que fazer então para ajudar esses dois perfis comuns?

Helena: A sugestão dos livros é que, dentro das empresas, existam locais que sejam como aquelas salas de reunião separadas, que podem ser de vidro por conta da boa acústica, mas que, claro, não seja transparente, para a pessoa não dispersar com os movimentos lá fora, e também que a empresa permita o uso de headsets ou fones de ouvido, porque aí é o melhor dos dois mundos: quem precisa de silêncio pode ir para essa sala e botar o fone ou ficar no ambiente aberto do escritório com o fone de ouvido, preferencialmente aquelas opções com cancelamento de ruído.

O TDAH sempre se comporta da mesma forma?

Helena: Não. As neurodivergências não funcionam numa escala concreta. Ninguém é TDAH nível 1, 2, 3. Até o Transtorno do Espectro Autista (TEA) tinha essa classificação com suporte nível 1, suporte nível 2, mas os especialistas estão parando de usar, porque isso gerava mais problema do que solução. O cérebro de uma pessoa não funciona sempre igual, então, há outros fatores em jogo, e é preciso ter uma amplitude de soluções viáveis.

Agora, sim, depois dessa aula, você pode se considerar pronto(a) para acolher funcionários que, apesar dessas dificuldades, têm muito a oferecer à sua organização. Sucesso!

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