A escala de revezamento é uma ferramenta usada por organizações que precisam funcionar fora do horário comercial. Ela permite que os colaboradores cumpram as jornadas de trabalho de acordo com as necessidades da empresa e dentro das leis.
De acordo com a legislação, a jornada de trabalho dos empregados deve ter, no máximo, 8 horas diárias e 44 semanais. Em empreendimentos que funcionam de segunda a sexta-feira e em horário comercial, é mais fácil seguir essa regra.
Empresas que precisam abrir aos finais de semana e principalmente aos domingos e feriados, têm maior dificuldade para se adequar ao que diz a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Entre elas, destaque para as indústrias – em que é necessário manter equipamentos funcionando sem parar – e hospitais e unidades de saúde – que não podem fechar e precisam de médicos e enfermeiros plantonistas, trabalhando de madrugada.
É nesses casos que entra o chamado regime de revezamento, no qual funcionários exercem suas funções em dias e horários flexíveis e não prefixados como os tradicionais.
Com esse regime, torna-se possível contar com a mão de obra ininterrupta em diversos setores, sem correr o risco de desfalques ou problemas com a justiça. Continue a leitura para conhecer mais sobre ele.
O que é trabalhar em escala de revezamento?
Trabalhar em escala de revezamento significa, para os colaboradores de uma empresa, exercer suas funções dentro de rotinas e expedientes flexíveis e, portanto, em dias e horários que mudam toda semana ou em determinado espaço de tempo.
O revezamento dentro de uma empresa possibilita, por exemplo, que uma função que demande alguém trabalhando por um período muito extenso de tempo possa ser exercida por mais de um funcionário.
Só que, para esse revezamento acontecer dentro das leis e ser feito corretamente, empreendedores e gestores precisam prestar muita atenção na organização dos turnos.
Como funciona a escala de revezamento?
Os revezamentos ou escalas de turno são desenvolvidos para que os colaboradores de uma empresa, que trabalham em dias e horários flexíveis, saibam quando e por quanto tempo deverão estar presentes em seus postos.
Eles podem ser controlados de maneira diária e mensal, como você vê abaixo.
Escala de revezamento diária
A escala diária corresponde a um período de 24 horas do funcionamento da empresa que contrata o colaborador para trabalhar em turnos. Quando definida, ela precisa conter as seguintes informações:
- horário de início, intervalo e término da jornada de trabalho;
- quantidade de turnos existentes nas 24 horas; e
- quantidade de colaboradores necessários em cada setor, por turno (quantos funcionários exercerão as mesmas funções dentro dessas 24 horas, substituindo uns aos outros).
Esse controle de revezamento diário permite ao empreendedor identificar onde é necessário ter mais ou menos funcionários trabalhando, de acordo com as necessidades da empresa.
Ao fazer a identificação, também é possível adequar a jornada de trabalho de cada funcionário contratado e minimizar o pagamento de horas extras.
Escala de revezamento mensal
Um controle de revezamento mensal engloba o funcionamento da empresa e a definição da escala de funcionários para um período maior, de um mês.
Ao definir os turnos e horários desse tipo de revezamento, gestores precisam contabilizar e deixar registrados os seguintes dados:
- número de funcionários em cada setor – trabalhando por turno, por dia e durante todo o mês;
- número total de funcionários necessários para manter o revezamento;
- quantidade de dias e horas trabalhados por cada um;
- horários de entrada, saída e intervalos de cada colaborador todos os dias em que eles forem trabalhar para ocupar seus respectivos turnos; e
- folgas e descansos de cada funcionário ao longo do período.
O principal benefício do revezamento mensal e não diário, tanto para quem contrata quanto para contratados, é a facilidade na hora de estabelecer os dias de folga e também na contabilidade da carga horária.
Vai definir a jornada da sua equipe que trabalha em turnos, seja para o próximo dia ou para o próximo mês?
Organize as informações em planilhas e faça uma dupla checagem para saber se todas elas estão corretas e se não está faltando ninguém entre os colaboradores escalados.
Depois, forneça as informações com antecedência e transparência para todo o time, pensando em ajudá-los a organizar suas vidas pessoais.
Independentemente do modelo que você utilizar, lembre-se de que não é possível "inventar" um revezamento por conta própria. Siga um dos formatos já existentes se quiser evitar processos e outras complicações trabalhistas.
Confira, a seguir, quais escalas podem ser implementadas e como elas funcionam, com ou sem turnos.
Quais são as escalas mais comuns?
As jornadas de trabalho mais comuns em empresas são a 5x1 e a 6x1, mas existem vários tipos de escalas de trabalho possíveis de serem aplicados ao cotidiano de uma organização, conforme as necessidades que ela tiver.
Vamos entender como funcionam alguns deles?
1. Escala 4x2
Em casos assim, os turnos de trabalho de cada funcionário são de 6 horas diárias e 24 semanais. Não existem intervalos durante a jornada de cada dia, mas todo colaborador tem direito a duas folgas na semana.
O modelo só pode ser implementado através de acordos entre contratante e sindicatos ou de acordos individuais, feitos com cada contratado.
2. Escala 4x3
Essa alternativa ganha força em vários países do mundo e muitas empresas optam por investir na ideia, pelo fato de ela aumentar o bem-estar no trabalho.
Na escala 4x3, um colaborador trabalha 8 horas diárias, durante quatro dias da semana, e folga os outros três dias. Assim, dedica um total de 32 horas semanais da sua vida para a profissão.
O modelo vem sendo testado na Microsoft e na Unilever, entre outras companhias, com bons resultados. Entre outras razões, porque o trabalhador consegue produzir melhor nos quatro dias de trabalho com um dia a mais de descanso.
3. Escala 5x2
Essa é a alternativa mais utilizada por empresas que não abrem aos sábados e domingos, mas não podemos considerá-la válida para revezamentos, já que ela se encaixa perfeitamente no conhecido “horário comercial”.
Na 5x2, o funcionário consegue trabalhar normalmente na sua função durante a semana e sem precisar passar o turno para outro colega.
Cada colaborador trabalha cinco dias seguidos e folga nos próximos dois. Assim, trabalhará 8 horas todos os dias no total e 40 horas semanais.
4. Escala 6x1
Empresas que adotam o modelo 6x1 têm seus funcionários trabalhando seis dias consecutivos e folgando um. Para quem precisa abrir aos sábados, essa pode ser a melhor opção. Só cuidado ao distribuir as horas!
O tempo de permanência de cada colaborador em sua função pode ser de 7 horas e 20 minutos todos os dias, de segunda a sábado, ou pode ser um período maior durante a semana e menor no sábado.
Quem fica com a segunda opção costuma trabalhar 8 horas durante os cinco dias da semana e 4 horas no sábado e, como é possível que apenas um funcionário exerça essa escala de trabalho, não acontecem revezamentos.
5. Escala 6x2
Na jornada 6x2, o trabalhador exerce sua função durante seis dias consecutivos e folga nos próximos dois, desde que trabalhe, no máximo, 7 horas e 20 minutos diariamente.
Para implementar esse modelo, empresas têm a obrigação de planejar um revezamento dos seus funcionários, já que a quantidade de dias totais da escala ultrapassa uma semana.
6. Escala 12x36
Na escala 12x36, a jornada de trabalho é contabilizada em horas trabalhadas e não em dias, como nas outras.
Nela, o colaborador exerce suas funções durante 12 horas seguidas e folga nas próximas 36 horas, que incluem as 12 horas restantes do dia trabalhado e outras 24 horas, correspondentes ao dia seguinte. No outro dia, volta a trabalhar.
A alternativa é utilizada quando uma mesma função precisa ser exercida por um único profissional mais tempo do que o abrangido em uma jornada tradicional, assim como a escala 12x24, por exemplo.
É o caso de trabalhadores da área da segurança e da saúde.
7. Escala 18x36
Bastante parecida com a escala 12x24, a 18x36 dará aos colaboradores de determinada empresa mais horas trabalhadas, mas mais horas de descanso também.
Como você já percebeu pelo nome, a cada 18 horas de serviços prestados na sequência, um trabalhador inserido nessa escala terá o direito de descansar 36 horas. Ela também é utilizada principalmente por empresas de saúde e segurança.
8. Escala 24x48
Uma jornada de 24 horas trabalhadas e 48 descansadas pode parecer incomum, mas está implementada em mais companhias do que a gente imagina! Afinal, existem algumas funções que exigem essa rotina, como as dos operadores de pedágios Brasil afora.
Empresas e setores que precisam funcionar todos os dias da semana terão um funcionário substituindo o outro a cada 24 horas dentro dessa escala, mas, atenção! Jornadas mais extensas só são adotadas em casos de extrema necessidade.
Elas precisam, inclusive, de aprovação em convenções coletivas de trabalho para serem permitidas.
Como fazer uma escala de revezamento?
Para começar a colocar em prática o passo a passo de como montar uma escala de trabalho que tenha revezamento, você primeiro precisará decidir qual modelo adotará para a empresa ou para cada setor e se os turnos serão diários ou mensais.
Depois:
- Identifique quantos trabalhadores são necessários para cada turno da operação.
- Distribua os colaboradores entre todas as funções que precisam ter alguém trabalhando em dias e horários específicos.
- Defina quais serão os horários de entradas, saídas e intervalos de cada colaborador.
- Estabeleça também as datas trabalhadas e as registre no formato DD/MM/AAAA se quiser ter uma melhor visualização da sua organização.
- Crie uma planilha contendo todas as informações necessárias para você controlar a escala e para que os colaboradores saibam quando devem ir trabalhar ou folgar.
- Divulgue essa planilha para os funcionários inseridos no revezamento e coloque-se à disposição para esclarecer dúvidas ou fazer ajustes.
Não se esqueça que a CLT estabelece que todos os trabalhadores com carteira assinada precisam ter 24 horas de descanso semanais e que folgas devem cair no domingo pelo menos uma vez por mês.
Além disso, a legislação determina que o intervalo interjornada deve ser de, no mínimo, 11 horas. O colaborador também precisa descansar pelo menos 15 minutos em um período de trabalho de 4 a 6 horas e, caso a jornada diária seja de mais de 8 horas, o descanso sobe para 1 a 2 horas.
Com todas essas possibilidades, costumam surgir algumas questões importantes…
Como controlar a entrada e saída dos funcionários? E as horas extras?
A resposta é simples! Utilize um sistema de ponto eletrônico e adeque-se às legislações trabalhistas ao mesmo tempo que evita pagar a mais por horas extras dos seus funcionários.
Alternativas modernas como essa podem até permitir que cada trabalhador registre seus horários pelo celular. Além disso, facilitam a vida do RH, ajudando na contabilização das horas e nas análises de desempenho de cada funcionário.
Então, faça o teste que pode transformar o controle de ponto na sua empresa!
Agora que você tem todas essas informações e dicas, vai ser fácil identificar qual formato de revezamento se encaixa melhor na sua empresa e começar a colocá-lo em prática o quanto antes. Sucesso nessa nova fase!
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